Paróquia de

São Mateus Moreira

Arquidioce de Natal

Zonal III

Utopia - Padre Zezinho

Das muitas coisas
do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
o aconchego do meu lar
No fim da tarde
quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
lá no alpendre a conversar

Meus pais não tinham
nem escola e nem dinheiro
Todo o dia o ano inteiro
trabalhavam sem parar
Faltava tudo
mas a gente nem ligava
o importante não faltava
Seu sorriso e seu olhar

o-o-o-o-o-o-o-o-o
o-o-o-o-o-o-o-o-o

Eu tantas vezes
vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
um por um ele afagava
E perguntava
quem fizera estripolia
E mamãe nos defendia
e tudo aos poucos se ajeitava

O sol se punha,
a viola alguém trazia
Todo mundo então queria
ver o papai cantar com a gente
Desafinado
meio rouco voz cansada
Ele cantava mil toadas,
em seu olhar no sol poente

o-o-o-o-o-o-o-o-o
o-o-o-o-o-o-o-o-o

Correu o tempo
e hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
quando tantos não a têm
Agora falam
do desquite do divórcio
O amor virou consórcio
compromisso de ninguém

Há tantos filhos
que bem mais que um palácio
Gostariam de um abraço
e do carinho de seus pais
Se os pais amassem
o divórcio não viria
Chamam a isso Utopia
Eu a isso chamo paz

o-o-o-o-o-o-o-o-o
o-o-o-o-o-o-o-o-o